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Achados e Perdidos
R$ 45,00
Deslumbrante, é uma convite à desrotina - como diz o autor num dos poemas - ou como o mesmo cita diversas vezes para falar da função da arte, da vida e da fé: um modo de nos desinstalar.
São páginas compostas por 36 escritos impregnados de poesia. No entanto, tão importante quanto o conteúdo do livro, é o COMO ler essa obra. Plagiando o autor (que no caso se referia a receitas culinárias), um livro carrega no seu conteúdo ensinamentos de como despertar a sensibilidade e desaprender o mundo. Mas, atenção, aqui não basta seguir regras e protocolos poético-teóricos. Livros como este revelam em seu conteúdo histórias que vão muito além de uma boa leitura.
É preciso lê-lo com o coração e os sentidos despertos para captar as riquezas que revelam. Como lemos desde a orelha do livro até o prefácio, José Sasek escreve "qual garimpeiro; maneja com maestria a bateia dos olhos no rio da vida, fazendo aflorar de lá experiências, lembranças, palavras, frases, a modo de cascalho, pedras e areia. No movimento circular, cotidiano, agita os sentimentos e percebe o que vem à tona".
E como são saborosas as memórias da sua infância, a formação como noviço numa escola jesuítica, o serviço prestado junto aos desvalidos, o choro à flor da pele, transbordante de afeto,
o cuidado com a casa, o gosto pela culinária, o amor à terra natal, a colcha de retalhos da mãe, o fervor religioso, a oficina cerâmica do pai onde moradores, clientes e funcionários praticavam uma verdadeira Eucaristia, entre outras aventuras.
Pedagogo e educador em escolas católicas, em seu primeiro voo solo Sasek nos dá a conhecer uma fé que se tece na miscelânea da vida cotidiana. O sagrado aparece aqui seja no santuário de Aparecida, quanto no botequim, na mortadela e na feirinha do bairro. Na verdade, a verdadeira comunhão acontece no encontro com as pessoas. Deus está entre nós.
Capaz de misturar citações bíblicas com trechos de canções da MPB e da literatura (o que me tocou em particular), "Achados e perdidos" é um sensível convite para revisitarmos nossa própria história, bem como resgatar a nossa fé nas multiplicidades do viver, aprendendo a cultivar um modo poético de existir no mundo.
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